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domingo, 19 de setembro de 2010

Exploração

Rapel realizado na entrada de uma caverna
A exploração das cavernas é feita atualmente com interesse científico ou turístico. O desenvolvimento de equipamentos e técnicas de escalada, mergulho e exploração tornaram essa atividade mais segura. Nunca na história da humanidade as cavernas foram tão conhecidas. Pela mesma razão elas nunca estiveram mais ameaçadas.

Espeleologia

Segundo o espeleólogo francês Bernard Gèze, "espeleologia é a disciplina consagrada ao estudo das cavernas, sua gênese e evolução, do meio físico que elas representam, de seu povoamento biológico atual ou passado, bem como dos meios ou técnicas que são próprios ao seu estudo"[5] O termo espeleologia deriva das raízes gregas spelaion (caverna) e logos(estudo). Criada na França no século XIX por Edouard Alfred Martel (1859 - 1938) esta ciência multidisciplinar dedica-se ao estudo e exploração das cavernas e relevos cársticos com diversos objetivos.
A hidrologia cárstica ou carstologia dedica-se ao estudo dos sistemas cársticos, da formação de cavernas, da mineralogia cárstica e da hidrologia e climatologia subterrâneas. Este ramo da espeleologia é de maior interesse a geólogos. A bioespeleologia, realizada por espeleólogos com formação em biologia, dedica-se ao estudo da flora e fauna cavernícola, bem como à observação dos animais troglóbios, troglófilos e trogloxenos em seu habitat natural.
O estudo dos testemunhos pré-históricos, artefatos e fósseis é realizado por arqueólogos,antropólogos e climatólogos. As áreas de estudo relacionadas a esses testemunhos são aespeleoarqueologia, a espeleopaleontologia, a paleoclimatologia e a espeleoantropologia. Esta última também estuda as relações dos grupos humanos com as cavernas, tais como sua utilização como abrigo, mitologia, histórias e artefatos relacionados a cavernas.
Alguns estudos de psicologia e medicina já foram realizados em cavernas, normalmente relacionados a longos tempos de permanência no ambiente subterrâneo. Entre os objetivos, há estudos de alterações de ânimo causadas pela ausência de luz ou estudos decronobiologia. Alguns estudos de longa permanência em cavernas já puderam demonstrar que, longe da influência da luz do dia, o ciclo de sono e vigília (ritmo circadiano) dura cerca de 25 horas.[6]

Equipamentos e técnicas

Para explorar com segurança os ambientes subterrâneos, os espeleólogos utilizam técnicas de caminhada em terrenos inundados e travessia de rios, técnicas de águas brancas (natação equipada e rapel em cachoeiras), técnicas verticais (escaladas, ascensões e descidas em cordas) e mergulho. Além disso são necessários conhecimentos de técnicas de navegação e topografia. Entre os equipamentos utilizados na exploração de cavernas os mais importantes são listados a seguir:
  • Roupas - Em geral um macacão (fato-macaco, em Portugal) com reforços emcourolona ou outros tecidos de alta resistência à abrasão nos joelhos e na parte traseira, destinado a proteger todo o corpo do atrito com as rochas.
  • Calçados - Botas ou calçados especiais para terrenos inundados e com solado que permita caminhas sem escorregar na lama, rocha e terrenos argilosos.
  • Capacete - Fundamental para a passagem em trechos baixos e para evitar ferimentos ocasionados por quedas de pedras soltas.
  • Equipamento de iluminação - Lanternas elétricas, ou a acetileno, em geral fixadas ao capacete. As lanternas elétricas devem ser impermeáveis e ter autonomia de várias horas. Lanternas de acetileno exigem um reator destinado a produzir o gás a partir de pedras de carbureto de cálcio (CaC2), que liberam o gás acetileno em contato com a água. Por ser fundamental à sobrevivência, o equipamento de iluminação deve ser levado sempre em duplicidade. Pilhas e pedras de carbureto devem ser protegidas da umidade e levadas em quantidades suficientes para exceder o tempo de permanência previsto nas áreas escuras.
  • Mochilas - Modelos de ataque (pequenas e resistentes) que podem ser amarradas umas às outras, içadas através de cordas ou lançadas de um explorador a outro.
  • Recipientes impermeáveis - Em geral, recipientes plásticos com tampa rosqueável para carregar baterias, carbureto, roupas secas, equipamentos eletrônicos e alimentos.
  • Equipamentos de escalada - Cordasarnêsmosquetões, descensores e ascensores, grampos, nutscosturas e todos os equipamentos que possam ser necessários à progressão através de abismos, cachoeiras e paredes internas.
  • Equipamentos de mergulho - Equipamento autônomo de mergulho (SCUBA), em configuração adequada para mergulho técnico em cavernas, com reservas suficientes de ar, nitrox ou trimix, lanternas e cordas de guia.
  • Instrumentos topográficos - Receptor GPS para demarcar as coordenadas geográficas das entradas, trena de fita ou eletrônica, bússola e quaisquer outros equipamentos necessários à medição e mapeamento das cavernas.
  • Ferramentas de escavação - Em alguns casos, para encontrar novas galerias ou salões, é necessário remover detritos que podem obstruir passagens. Isso deve ser feito manualmente com pás e picaretas. Podem ser necessárias outras ferramentas para a escavação com fins arqueológicos.

Caving ou exploração esportiva

Muitos espeleólogos dedicam-se à exploração, topografia e mapeamento. Estes pesquisadores normalmente utilizam equipamentos e técnicas de escalada, trekking e mergulho para explorar galerias e salões desconhecidos, bem como mapear todo o relevo subterrâneo de determinados sistemas de cavernas. Uma vez mapeadas e conhecidas, as cavernas podem ser exploradas para a realização de esportes de aventura e turismo. Os espeleólogos podem auxiliar na administração e manejo das cavernas para essas finalidades.
A exploração esportiva ou recreativa de cavernas também é chamada caving. Em geral, consiste de atividades de exploração em equipe, com utilização de técnicas e equipamentos próprios da espeleologia, mas com objetivos esportivos, como o descobrimento de novas galerias, conquista de vias de escalada, travessias de resistência e velocidade, entre outros.Caving é um esporte colaborativo, realizado com equipamentos de segurança individual e coletiva. Pessoas que possuam treinamento e condicionamento físico adequado podem utilizar o ambiente hostil da caverna para realizar escaladas, mergulhos e travessias, muitas vezes de diversos quilômetros. A descida em abismos ou cachoeiras internas pode exigir a realização de rapel e, em muitos casos é necessário fazer a ascensão pela mesma corda utilizada para descer.

Mergulho em cavernas

O mergulho em cavernas é uma das técnicas avançadas em que alguns mergulhadores se especializam. É considerado por muitos como um dos esportes mais perigosos, devido ao grande número de mortes de mergulhadores experientes que já foram registradas nessa atividade. O mergulho em cavernas pode ser realizado em qualquer tipo de caverna inundada, no oceano ou em água doce. Muitas cavernas podem ser exploradas horizontalmente e não apresentam profundidades elevadas. Nestes casos a principal dificuldade decorre da exploração de um ambiente com teto, onde é impossível a saída rápida em caso de emergências. Em outros casos, podem ser explorados abismos com grandes profundidades, que exigem a utilização de várias misturas gasosas e tempos de descompressão elevados. Neste caso, mesmo que não exista um teto, a subida rápida também não é possível devido aos riscos de embolia gasosa ou doença descompressiva. Em qualquer dos casos, o mergulhador deve planejar detalhadamente seu mergulho e seguir todas as regras de segurança para mergulho técnico ou descompressivo. As reservas gasosas e as baterias de lanternas devem ser suficientes para exceder em um terço o tempo planejado de mergulho. Além disso devem ser utilizadas lanternas em duplicidade. Para evitar se perder em um sistema de labirintos, é obrigatório o uso de um fio guia (fio deAriadne) que deve ser desenrolado durante a incursão pela caverna e recolhido no retorno. Além disso, como em qualquer modalidade desse esporte, o mergulho em duplas é indispensável.

Turismo em cavernas

Com o desenvolvimento da espeleologia e o mapeamento das cavernas, muitas delas se tornaram atrações turísticas, devido à beleza dos espeleotemas e ao ambiente inusitado. As cavernas visitáveis são geralmente administradas pelas municipalidades (no caso de parques) ou proprietários das terras onde se localizam suas entradas. Para garantir a segurança dos visitantes e a preservação do patrimônio natural, a maior parte das cavernas possui taxa de ingresso e é obrigatória a presença de guias especializados. Em muitos casos, a quantidade de pessoas em um determinado período é limitada. Cavernas muito grandes, com formações raras ou ecossistemas frágeis, costumam ter limitações da área visitável ou do tempo de permanência, sendo necessária autorização especial para contornar essas limitações. Casos especiais podem incluir o acampamento e pernoite dentro da caverna.
Cavernas turísticas podem ser visitadas em seu estado natural ou com adaptações. No primeiro caso, os turistas devem utilizar equipamentos semelhantes aos utilizados pelos espeleólogos. No mínimo as roupas, calçados, capacete e equipamentos de iluminação devem ser utilizados por todas as pessoas que se aventurem em uma caverna sem adaptações. Outras cavernas podem sofrer adaptações para receber turistas em toda a sua extensão ou ao menos em pequenos trechos visitáveis. Entre essas alterações, as mais comuns são passarelas, rampas, escadas de acesso, cordas e guarda-corpos, que facilitam o acesso mesmo para visitantes com mobilidade reduzida ou baixo preparo físico. Outras cavernas recebem iluminação artificial para facilitar o deslocamento e também para destacar os espeleotemas.

Riscos da exploração

Atualmente, com o desenvolvimento de técnicas e equipamentos e aumento da preparação dos espeleólogos e guias, a exploração e turismo em cavernas são atividades relativamente seguras, mas o risco de acidentes, envenenamento ou doenças é grande. Em geral estes riscos estão associados a pouco planejamento ou a negligência, por isso é importante conhecê-los antes de qualquer incursão em grutas ou terrenos cársticos. Também é fundamental que a exploração nunca seja feita por pessoas desacompanhadas. É recomendável que as pessoas conheçam primeiros socorros. Como medida adicional, a administração do parque, proprietários das terras ou autoridades, como bombeiros oupoliciais florestais devem sempre ser avisados do destino da equipe, número de membros, planejamento e prazo de retorno. Por sua própria natureza as cavernas se localizam em terrenos acidentados, com vegetação cerrada e presença de rios. Como as cavernas costumam ficar no interior de parques ou fazendas, elas costumam estar distantes de estradas. Nestas condições o resgate dos exploradores e turistas pode ser difícil e demorado, por isso um bom planejamento e utilização de equipamentos e técnicas adequadas pode evitar que situações complicadas ou fatais aconteçam. Os principais riscos são listados a seguir:
  • Quedas - O relevo do carste, galerias e formações no interior de cavernas exigem cuidados na caminhada. Em qualquer das atividades dentro e fora da caverna, bem como nos trajetos de entrada e retorno, há possibilidade de quedas que podem causar lesões muscularesfraturastraumatismos e até a morte. Sempre que haja risco associado a altura, cordas e técnicas verticais devem ser utilizadas para evitar quedas perigosas.
  • Envenenamento - Nas proximidades e interior de algumas cavernas é possível encontrar animais peçonhentos como cobrasescorpiões e aranhas. O uso de botas e roupas que protejam pernas e braços minimiza o risco de envenenamento. Caso algum membro do grupo tenha sido atacado, deve-se procurar imediatamente o hospital mais próximo. Se possível, o animal deve ser levado para facilitar a identificação da espécie e o soro mais adequado.
  • Doenças[7] - Uma das doenças que pode ser adquirida em cavernas é ahidrofobia (raiva), transmitida por morcegos. Embora eles não costumem atacar diretamente as pessoas, é possível o contato acidental com unhas e dentes dos morcegos quando eles voam ao entrar e sair das grutas . Outra doença possível é a histoplasmose, doença adquirida pela inalação dos esporos do fungoHistoplasma capsulatum presente no guano de morcegos. É uma doença oportunista que só ataca pessoas com baixa resistência, por isso é recomendável evitar a visitação de cavernas quando estiver com alguma doença que provoque queda imunológica. Por tratar-se de uma doença de transmissão respiratória, recomenda-se a utilização de máscaras em áreas propícias à presença do fungo.
  • Hipotermia - A permanência prolongada em ambientes inundados ou com baixas temperaturas, associada ao cansaço, pode levar à hipotermia, condição perigosa que se não tiver os cuidados adequados pode provocar choque circulatório, inconsciência e até a morte A hipotermia não tratada a tempo pode provocar lesões e seqüelas neurológicas por insuficiência circulatória. Para evitá-la, os exploradores devem levar roupas impermeáveis, de secamento rápido, agasalhos e roupas secas. O aquecimento com cobertores ou banhos quentes e o uso de bebidas quentes é a forma mais eficiente de tratamento precoce. Ao contrário da crença popular, o uso de bebidas alcoólicas é desaconselhado e pode até piorar o quadro.
  • Afogamento - Risco em cavernas inundadas, travessias de rios subterrâneos ou superficiais ou durante a prática de mergulho. O uso de coletes salva-vidas por pessoas que não saibam nadar é recomendável.

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